Keeping It Modern: Piscina de Marés

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Ano de Início
2020 (Em curso)
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Investigador Responsável
Teresa Cunha Ferreira
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Co-Investigador Responsável
Rui Póvoas
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Entidade Financiadora
Fundação Getty
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Valor do Financiamento
100.000 euros | 90.000 euros (FAUP)
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Instituição Proponente
CEAU-FAUP
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Instituições Parceiras
Câmara de Matosinhos, Universidade do Minho, Instituto Superior Técnico
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Website
A Piscina de Marés foi projectada pelo arquitecto português Álvaro Siza (Prémio Pritzker 1992) para a localidade costeira de Leça da Palmeira, entre 1960 e 1966 (com intervenções posteriores até 1973). Nesta obra de juventude, Siza adopta uma tecnologia expressivamente moderna e uma linguagem neoplástica abstracta, construindo uma sucessão de muros em betão armado sobre os afloramentos rochosos, harmoniosamente integrados na estrutura de madeira do interior dos vestiários. É considerada uma obra-prima pela sua modernidade e integração orgânica na paisagem preexistente. O edifício encontra-se actualmente classificado como Monumento Nacional (desde 2011) e foi incluído nas "Obras de Arquitectura de Álvaro Siza" inscritas na Lista Indicativa do Património Mundial (2017). Além disso, o edifício encontra-se em funcionamento há quase sessenta anos, tendo-se tornado numa referência social e cultural para as comunidades locais e desempenhando um papel essencial na sua identidade e memória colectiva.
Este edifício, porém, encontra-se ameaçado desde há muitos anos, dada a sua localização costeira que agravou a degradação das suas estruturas de betão, espoletando a corrosão e o destacamento das armaduras. De igual modo, a obsolescência das suas infraestruturas e a necessidade de o adaptar a novas exigências legais e funcionais, determinaram a necessidade de uma intervenção abrangente em 2018.
Com o apoio do programa Keeping It Modern, promoveu-se a inspecção e diagnóstico da estrutura, através de um conjunto de ensaios não-destrutivos e moderadamente destrutivos, no local e em laboratório, de amostras extraídas em obra (betão, pasta cimentícia, armaduras e madeira). Estes ensaios contribuíram para a reparação localizada de betão à vista durante a recente intervenção - conforme indicação de Álvaro Siza - implementando técnicas de integração inovadoras entre o existente e as novas argamassas de restauro (afinação da cor e textura, cofragem, entre outros).
Para apoiar o desenvolvimento do Plano de Gestão da Conservação, foram implementadas várias estratégias de participação e disseminação, nomeadamente um documentário, uma exposição, um webinar intitulado 'Partilhar Memórias' que contou com autores reconhecidos, entrevistas com intervenientes fundamentais no contexto da construção, inquéritos às comunidades locais, visitas guiadas, actividades com crianças e a definição dos 'Princípios de Projecto de Álvaro Siza' para a Piscina de Marés.
Este contexto contribuiu para a definição de um conjunto de políticas de gestão e conservação - i) políticas gerais, ii) planeamento e paisagem, iii) avaliação de riscos e adaptação às alterações climáticas, iv) interpretação e comunicação, v) conservação, manutenção e uso (incluindo manuais de utilização e plano de manutenção). Assim, este Plano de Gestão da Conservação estabelece os meios para assegurar uma adequada gestão da mudança desta construção emblemática, que se mantém sob utilização contínua das comunidades locais, dando resposta às vulnerabilidades e preservando o seu significado cultural para as gerações futuras.